Portugal tem em curso vários projetos inovadores de eficiência energética. Quer a título individual, quer através de associados, a Lisboa E-Nova, Agência de Energia e Ambiente de Lisboa, está envolvida em alguns deles. O Sharing Cities e o inteGRIDy são dois dos programas que, por antecipação, decorrem já alinhados com uma transição energética que cumpra as metas do Acordo de Paris e com os pressupostos fixados recentemente pela Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) em Accelerating the Energy Transition Through Innovation.
O projeto inteGRIDy – Integrated Smart GRID Cross-Functional Solutions for Optimized Synergetic Energy Distribution, Utilization & Storage Technologies – teve início em janeiro de 2017. Tem uma duração de 4 anos e integra 30 parceiros europeus, sendo liderado pela consultora espanhola ATOS. O seu objetivo é desenvolver uma plataforma que permita otimizar as operações numa rede de distribuição de energia. Para tal, serão estudados 10 casos de aplicação prática a diferentes escalas, sendo que o caso de estudo português será desenvolvido em Lisboa, no edifício municipal de serviços do Campo Grande. Este piloto avaliará o impacto que a instalação de painéis solares fotovoltaicos, os carregamentos de veículos elétricos e o armazenamento de energia em tanques de gelo terão nos consumos do edifício, integrando-os num sistema que permita a sua gestão eficiente.
A Lisboa E-Nova é líder da gestão do caso de estudo português, com a colaboração da Virtual Power Solutions na vertente tecnológica, da Energia Simples (comercializador de energia elétrica) para o sistema elétrico nacional e tarifas dinâmicas, e da Universidade Católica Portuguesa na análise de modelos de negócio que poderão ser implementados com o piloto. Terá ainda a colaboração externa da Câmara Municipal de Lisboa, GALP e Universidade de Lisboa.
Sem se fixar exclusivamente nas questões da energia, o Sharing Cities é outro dos projetos, financiados pela Comissão Europeia, com gestão e participação portuguesa. As soluções desenvolvidas por este consórcio, composto por 34 entidades, irão transformar Lisboa numa cidade mais sustentável, sendo que parte dos pressupostos estão igualmente alinhados com os definidos pela já referida IRENA.
A integração de soluções digitais, com desenvolvimento partilhado pelas comunidades locais, o recurso a fontes de energia renovável e as alterações de paradigmas de gestão energética de edifícios, são algumas das questões trabalhadas pela Lisboa E-Nova no âmbito deste programa. Mais acresce que a Agência de Energia e Ambiente de Lisboa é responsável pela coordenação do chamado eixo Local/Infraestrutura – um dos três principais eixos em torno dos quais se articula o programa europeu, juntamente com o das Pessoas e Plataforma.
No contexto do Sharing Cities, os serviços da Câmara Municipal de Lisboa terão à sua disposição várias dezenas de carros elétricos de uso partilhado. No âmbito do projeto que tem um período de execução até 31 de dezembro de 2020, a iluminação pública também será alvo de melhorias, permitindo dotar a cidade de um conjunto significativo de postes inteligentes. Equipados com tecnologia LED e várias tipologias de sensores, este sistema permitirá ajustar as intensidades de luz em função do volume de transeuntes ou do tráfego local, permitindo uma gestão inteligente dos consumos energéticos.
Alinhadas com os princípios de descarbonização dos sectores de utilização final, fixados como prioridade de inovação pela IRENA, estão também as obras de requalificação e o sistema de gestão da energia que estão a ser implementados nos edifícios da autarquia – incluindo os blocos de habitação social da Quinta do Cabrinha e o edifício dos Paços do Concelho – mas também num conjunto de edifícios privados. Como principal medida, além da melhoria do isolamento de fachadas e coberturas, prevê-se também a colocação de envidraçados energeticamente eficientes e de sistemas fotovoltaicos nas coberturas. Através de sensores energéticos pretende-se ainda garantir a capacidade de controlo em tempo real dos fluxos e consumos de eletricidade, de acordo com as necessidades dos utentes.