Acelerar a transição da energia através da inovação

A Agência Internacional para as Energias Renováveis (IRENA) quer definir as prioridades de desenvolvimento de novas tecnologias do sector energético. O objectivo é que estas contribuam para a diminuição dos gases com efeito de estufa e cumpram as metas do Acordo de Paris. As bases a fixar resultarão do documento de trabalho lançado a 22 de junho pela agência das Nações Unidas e intitulado Accelerating the Energy Transition Through Innovation.
Em muitas aplicações do campo energético, as tecnologias necessárias estão já hoje disponíveis. O que faltará, segundo o documento da IRENA, é desenvolver políticas que permitam o seu uso em grande escala. E essas serão conseguidas, defende a agência das Nações Unidas, através da inovação, da integração dos sistemas de energia, da descarbonização dos sectores de utilização final e da expansão da inovação através da investigação e do desenvolvimento.
O apoio à inovação é crucial para a chamada descarbonização do sector da energia. E aqui há um longo caminho a percorrer. As tecnologias de baixa produção de gases com efeito de estufa já existentes exigem melhorias constantes, com a redução dos custos destas soluções a ser vista como essencial pela agência de Energia. Contudo, em algumas áreas, designadamente no segmento dos processos de produção, ainda faltam soluções de ruptura. Respostas a encontrar não apenas através de esforços de pesquisa, mas também pela criação de novos negócios e novos empregos, garante a agência.

 

O sector das renováveis representa em alguns países uma parte importante do negócio. Todavia, o melhor aproveitamento deste potencial implicará uma maior integração na rede energética e é outra das prioridades defendidas pela IRENA para acelerar a transição energética. Países como Portugal, aliás, até já demonstraram a viabilidade do uso e gestão de fontes de energia de acesso flutuante, como a solar e a eólica. Dados da agência das Nações Unidas indicam Portugal, Espanha, Alemanha, Dinamarca e Uruguai como países que durante curtos períodos de tempo já conseguiram garantir as suas necessidades energéticas quase apenas com recurso a fontes renováveis de energia. Mas se a produção de energia em muitas áreas já é feita com reduzida emissão de gases com efeito de estufa, alguns sectores de utilização final resistem a uma electrificação sem emissões de dióxido de carbono. A falta de viabilidade económica das soluções existentes tem impedido o seu uso em grandes áreas industriais. O uso dos combustíveis fósseis regista-se, nomeadamente, em sectores como os da siderurgia, do cimento, setor químico, petróleo, aviação e no transporte marítimo. São áreas a exigir acordos de nível global e grandes esforços no desenvolvimento de soluções tecnológicas comercializáveis, diz a IRENA, fixando uma terceira prioridade dos esforços de inovação.
Os governos deverão ter um papel decisivo na definição dos quadros de investigação e desenvolvimento tecnológicos, de acordo com a última prioridade fixada pela Agência das Nações Unidas para as Energias Renováveis. Os esforços de inovação devem passar por uma agenda ambiciosa alargada a todos os estádios do ciclo energético, inclusive na comercialização, e pela integração das energias renováveis.

A transição energética
O Acordo de Paris reforça o acordo global sobre uma meta de longo prazo em relação ao limite tolerável do aumento de temperatura em relação aos níveis pré-industriais – 2 graus Celsius. Este compromisso implica reduzir em mais de 70 por cento e até 2050 os níveis de emissão de dióxido de carbono relacionados com a energia. O recurso às energias renováveis e à eficiência energética pode representar 90 por cento da redução necessária, de acordo com um outro estudo da IRENA – Perspectives for the energy transition: Investment need for a low-carbon energy system, uma análise financiada pelo Ministério da Energia alemão e apresentada em março ao G20.

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