A Lisboa E-Nova participou, nos dias 17 e 18 de abril, na reunião de arranque do projeto #INFRABLUE, em Turim, no qual é parceira, juntamente com o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, Torino Urban Lab e KC GRAD. O objetivo deste projeto é identificar e analisar uma infraestrutura azul em cada uma das três cidades parceiras (Torino, Lisboa, Belgrado) e aumentar o seu potencial como dispositivos naturais, sociais e culturais. No caso de Lisboa, esta infraestrutura azul foca-se nas ‘águas invisíveis’ da Colina do Castelo.
Desde a antiguidade, Lisboa é abastecida por águas subterrâneas captadas por poços, galerias e nascentes localizadas na cidade e arredores. Ainda hoje é possível encontrar vários vestígios arqueológicos relacionados com a gestão e abastecimento de recursos hídricos, datados da Lisboa Romana localizados na zona da Colina do Castelo e zona ribeirinha. Esta zona, composta pelos bairros de Alfama e Mouraria, foi o berço que deu origem à cidade. A urbanização do século passado modificou fortemente a paisagem, reduzindo os recursos hídricos existentes. Os trabalhos de campo demonstraram que bens importantes como poços e nascentes estão a perder-se, uma vez que os proprietários dos edifícios não vêm vantagens em manter estas infraestruturas. Em consequência, as infraestruturas ainda existentes vão sendo cada vez mais abandonadas ou demolidas e, com elas, vai-se perdendo progressivamente um conjunto de práticas e um património cultural de grande valor. Atualmente, a grande maioria destes recursos hídricos encontra-se ‘oculta’, estando as suas utilizações, bem como a interação entre o ambiente urbano e o ciclo da água perdidos ao longo dos últimos séculos e atualmente pouco compreendidos. Portanto, com a área da Colina do Castelo a passar por um rápido processo de mudança, perdendo as suas práticas tradicionais, há uma necessidade urgente de registar os aspetos culturais intangíveis relacionados às ‘águas invisíveis’.
Ainda em Turim, a Lisboa E-Nova participou no workshop “The blue infrastructure – waterways as a device for urban regeneration”, promovido pelo Urban Lab Torino , onde apresentou o caso de Lisboa e a importância desta temática para a ação climática e regeneração urbana.